Não sou contra reivindicações estudantis. Quando estava na faculdade, cursando jornalismo, eu inclusive fiz parte de um grupo de alunos que produziu um jornalzinho, intitulado "A Pedrada", cujo objetivo era colocar em evidência os pontos fracos da instituição (e, verdade seja dita, extravasar nosso desejo de publicar alguma coisa). Reclamávamos da demora absurda no atendimento da secretaria, da falta de investimentos em informática, entre outros assuntos. Alguns de nossos textos surtiram efeito, outros não. Mas a questão é que não foi preciso fazer nada além de escrever e conversar.
A introdução serve apenas de parâmetro para uma análise do episódio ocorrido na USP, quando um bando de estudantes invadiu o campus da universidade e, encapuzados, maltrataram funcionários e qualquer um que não compactuasse com a baderna. Os manifestantes alegam estar lutando por seus direitos (consta que um trio foi visto fumando maconha dentro de um carro no estacionamento, foi repreendido, houve tumulto, a polícia militar foi acionada, e começou a confusão), mas direito a quê? A fazer o que quiserem, sem medir consequências? Ninguém, seja estudante ou não, tem este direito.
Durante os protestos, muitos estudantes exibiram livros de Marx, Gramsci e outros autores muito respeitados da sociologia - mais pelos simpatizantes da 'esquerda' que da 'direita'* - como se fossem escudos contra a "repressão fascista" da polícia. Sim, usaram esta terminologia errada e clichê. Aposto os dedos destas mãos como só um ou outro ali no meio leu aqueles livros. Afinal, isso dá tanto trabalho quanto estudar, e eles não estão na USP, a maior instituição de ensino superior do país, para estudar. Querem apenas fumar maconha em paz, deitados na grama, usando seus i-phones ganhos no Dia da Criança e fingindo que discutem questões filosóficas profundas. (E que fique claro: respondem por míseros 0,1% do número de alunos da universidade).
Depois de um enfrentamento bem covarde com a polícia, no qual os invasores agrediam policiais com cavaletes, pedaços de madeira e o que houvesse à disposição (material da USP, pago por impostos, assim como o prédio da instituição, que é pública), enquanto a PM só se defendia, 73 alunos foram presos nesta terça por desobediência, dano ao patrimônio público e crime ambiental. Só sairão sob fiança, estipulada em torno de mil reais.
Reparem em como escreveram "trabalhadores". Precisam
estudar mais, e protestar menos...
Talvez a influência da politicagem na sala de aula tenha mexido com os miolos dessa gente tanto quanto as toxinas da maconha. Não é raro ver um professor incitar alunos a ir contra o "sistema", exaltar partidos ditos "de esquerda"*, colocar nas entrelinhas de seu discurso críticas a este ou aquele veículo de comunicação (os eternos vilões, para os que desprezam a liberdade de expressão). Pois é, eis aí um exemplo de resultado: jovens idiotas, que pensam que conseguirão o que quiserem invadindo, depredando e distribuindo ordens. Coisa de fascista.
* Não acredito na divisão "esquerda/direita", mas fica mais fácil para explicar. Hoje, o que temos são partidos guiados por interesses de grupos opostos. A ideologia passa longe da política.
* Não acredito na divisão "esquerda/direita", mas fica mais fácil para explicar. Hoje, o que temos são partidos guiados por interesses de grupos opostos. A ideologia passa longe da política.
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