sábado, 8 de outubro de 2011

Che, por Ernesto Guevara

          Olá! Seja bem vindo a meu novo blog, onde tratarei de qualquer coisa que me venha à mente: política, religião, cultura e até inutilidades. Para início de conversa, aproveitando o aniversário da morte de Che Guevara, segue um texto que escrevi em 2009, quando do lançamento do filme sobre o revolucionário.

                       


            O ator Rodrigo Santoro, que interpreta o atual presidente cubano Raúl Castro no filme Che, o argentino, de Steven Soderbergh, tem acompanhado a performance do longa ao redor do mundo, e se diz satisfeito com o resultado. O brasileiro diz que, assim que conseguiu o papel (após muita insistência durante os testes de elenco), estudou espanhol por cerca de um mês, e em seguida, foi a Cuba, onde passou mais um mês conhecendo a ilha, a cultura, as pessoas que conheceram o revolucionário Ernesto Guevara.

            O porto-riquenho Benicio Del Toro, que interpreta com propriedade o papel-título, é um dos idealizadores do projeto, adquirindo os direitos de uma biografia, escrita pelo próprio Guevara (falarei disso mais adiante), e também fazendo uma pesquisa que durou sete anos (!) para que o filme pudesse ser rodado. “Ele é um produto dos anos 60. Hoje há outros meios que não apelar para o fuzil. Pegar em armas me parece obsoleto. Mas muitas coisas contra as quais ele lutava continuam as mesmas, e não só na América Latina, mas também, em outros lugares do mundo, como a África”, comenta Del Toro.

            Quando se pergunta a qualquer membro do elenco qual é o objetivo do filme, a resposta é uma só: mostrar o ser humano Ernesto Guevara, e não o mito Che. Mas, para quem assistiu ao filme, como eu fiz neste fim de semana, fica a impressão oposta. O enredo salienta a sabedoria, a humildade, o senso de justiça, a lealdade e, mais para o fim, o espírito de liderança do revolucionário portenho. Ou seja, uma visão mítica, exatamente o contrário do que o filme pretendia ressaltar.

            E a razão para isso fica evidente quando aparecem os créditos do filme. O roteiro é baseado em uma biografia escrita por Guevara. Quem, ao defender uma causa revolucionária, acreditando piamente em seus ideais, se colocaria de maneira franca e autocrítica em um relato? Che, obviamente, não aborda em seus escritos o modo cruel com que tratava seus inimigos. Não menciona saques (os que não eram condenados por ele) às vilas pelas quais passava o Movimento Revolucionário 26 de Júlio. Mostra apenas a face honrada de Che Guevara, que punia os injustos, que ensinava soldados a ler e escrever, que os liderava de forma exemplar.

            Se a película não parece de todo realista, ao menos demonstra uma mudança extrema no cinema norte-americano; antes do desastroso governo Bush, uma história que endeusasse um inimigo dos EUA, e que mostrasse como os manda-chuvas do país prejudicaram nações com sua sede de poder, jamais seria bem visto pela opinião pública estadunidense.

            O filme é dividido em duas partes, e a segunda, intitulada Che – a guerrilha, ainda não tem data de estreia definida. Na continuação, veremos um Che tentando repetir o êxito da revolução cubana na Bolívia. Será que teremos uma história mais sincera? É esperar para ver.
           

Nenhum comentário:

Postar um comentário