segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"Espelho, espelho meu..."

        A ministra Iriny Lopes, chefe da Secretaria da Mulher no governo Dilma, formulou um representação contra a propaganda da empresa de lingeries Hope, na qual Gisele Bündchen aparece de calcinha e sutiã para, nas palavras da ministra,  "amenizar possíveis reações de seus companheiros frente a incidentes do cotidiano". Ou seja, a campanha apenas coloca em imagens aquilo com que homens e mulheres brincam em conversas com amigos: o fato de uma mulher conseguir tudo o que deseja por meio de sua sensualidade.
       Ainda segundo Iriny, a peça publicitária “promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como mero objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para descontruir práticas e pensamentos sexistas" (sic). Me desculpe a ministra, mas acho que o Brasil já evoluiu bastante em termos de relações sociais para se deixar levar por uma simples propaganda de lingerie, cujo objetivo evidente é valorizar sua marca. Ou será que uma empresa que produz peças de roupa íntima femininas teria por meta inferiorizar justamente seu público consumidor, as mulheres?
        A sensação que me passa este tipo de reação é a de que a ministra está querendo aparecer. O assunto não é tão sério para que tome o tempo do pessoal do Conar (Conselho Nacional de Autoregulação Publicitária), órgão que irá julgar o caso, com base na representação de Iriny Lopes.
        Até a atriz e pop star Luana Piovani atacou o comercial, via Twitter, alegando a ofensa à dignidade da mulher. Ora, que curioso; para mim, a propaganda da Hope "ofende" tanto quanto a personagem de Luana no filme e série "A Mulher Invisível", nos quais interpreta a imaginária Amanda, um delírio que anda sempre em trajes mínimos, criado pela mente de Pedro (Selton Mello). Ela, sim, serve apenas aos propósitos masculinos mais primitivos, por assim dizer. Se Luana é contra a propaganda da Hope, por que aceitou o papel de Amanda? Novamente, parece oportunismo. Ela precisa ter uma opinião sobre tudo, certo? Senão, correria o risco de a esquecermos, e isso ela não suportaria.
         Para sua apreciação, seguem o comercial da Hope e também uma foto da ministra Iriny Lopes, que evidencia, a meu ver, o real motivo de sua indignação.





                                                          
Fonte: Correio do Estado - http://www.correiodoestado.com.br/noticias/conar-julgara-o-caso-gisele-bundchen-nesta-quinta_127833/

A peça publicitária "Hope ensina" foi desenvolvida pela agência Giovanni+Draftfcb.             

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